A Teoria de Dow
O Índice Dow Jones foi criado em 1896 por Charles Dow, colunista de um dos jornais econômicos mais respeitados do mundo, o “The Wall Street Journal”. Mesmo tendo surgido há mais de 120 anos, a Teoria de Dow, que deu origem a esse indicativo, ainda é muito influente nos dias de hoje.
Resumidamente, em sua teoria, Charles Dow usava o mar com suas cristas, ondas e marés para fazer uma analogia com os diferentes tipos de tendências do mercado. Conforme a maré vai subindo, cada onda tende a quebrar em um ponto mais alto em relação à anterior, recuando logo depois.
Dessa forma, também podemos analisar as tendências do mercado nos movimentos do preço, de acordo com sua magnitude, que podem ser primárias, secundárias e terciárias:
- Primária: maré, o maior movimento do mar. São movimentos duradouros, seja de subida, seja de baixa.
- Secundária: ondas, que se formam com a subida ou descida da maré. São movimentos de equilíbrio e correção da tendência primária, de alta ou baixa;
- Terciárias: marolas, que se formam entre as ondas. São pequenas variações de preços que acontecem diante da tendência secundária.
Vale frisar que, ao contrário do que muitos pensam, Índice Dow Jones não é uma bolsa de valores. Como o nome sugere, é um índice que está entre os principais indicadores financeiros do mercado norte americano e avalia as trinta grandes ações industriais que estão registradas na Bolsa de Nova York.
O nascimento do Índice Dow Jones de Sustentabilidade
Em 1896 a sustentabilidade ainda não estava em discussão. O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu em 1987, em um documento da ONU: o Relatório Brundtland - Nosso Futuro Comum. Esse documento diz que: “O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades.”.
Entretanto, somente em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro (Eco-92), o tema entrou definitivamente na pauta. Consequentemente, o desenvolvimento sustentável passou a ganhar força também no setor privado.
Com a crescente discussão sobre sustentabilidade empresarial surgiu então, em 1999, o Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) da Bolsa de Nova Iorque. O DJSI é um indicador de performance financeira das empresas líderes em sustentabilidade em nível global, consolidado como um dos mais importantes índices mundiais de sustentabilidade. As companhias passam por rigoroso processo seletivo, que analisa dados econômicos, desempenho ambiental e social, avaliação de governança corporativa, gestão de risco, mitigação da mudança climática e práticas trabalhistas.
Como funciona o Índice Dow Jones de Sustentabilidade
A análise e seleção dos contemplados é feita pela RobecoSAM, empresa especializada em gestão de ativos e na oferta de produtos e serviços no campo de investimentos sustentáveis. A RobecoSAM define quais empresas vão participar dessa seleção e responderão a um extenso questionário específico de cada setor. As perguntas têm pesos diferentes, baseados em critérios pré-estabelecidos, resultando em uma pontuação geral da empresa - que é determinante na sua inclusão no DJSI. Os convites são enviados em março de cada ano e a listagem é divulgada em setembro do mesmo ano.
As corporações que constam nesse índice - que é indexado à bolsa de Nova York - são consideradas líderes em sustentabilidade no seu setor e classificadas como as companhias mais capazes de gerar valor a longo prazo a seus acionistas. O Índice Dow Jones de Sustentabilidade proporciona aos investidores critérios objetivos para a gestão de carteiras de investimento de sustentabilidade. Os investidores têm dado grande importância ao índice do DJSI, devido à preocupação cada vez mais crescente com um mundo mais sustentável.
Empresas brasileiras também integram o ranking de líderes em sustentabilidade
Empresas brasileiras vêm se alinhando às novas tendências de um mercado mais sustentável. Consequentemente há uma preocupação, por parte do mercado nacional, em buscar fazer parte desse índice global e ser valorizado por suas boas práticas. Desde que o Índice Dow Jones de Sustentabilidade foi criado é possível perceber que, gradativamente, a participação da indústria brasileira vem crescendo.
Em 2019, a Natura informou que, pelo sexto ano consecutivo, faria parte do DJSI. A empresa garante que 33% do equivalente aos resíduos de suas embalagens vão para reciclagem. Até o final de 2020, a meta é que essa porcentagem chegue a 50%
Outra empresa brasileira integrante do índice é a Lojas Renner, única varejista nacional na lista. A companhia estabeleceu uma leitura própria sobre sustentabilidade, resumida no conceito de Moda Responsável. O objetivo é ter menos desperdício nos processos produtivos, menos impacto ao meio ambiente, entre outras características. Em 2018, a marca lançou sua primeira coleção de jeans feito a partir de tecido reciclado, a ReJeans. Um esforço na direção de atingir a meta de chegar a 80% de seus produtos feitos de forma mais sustentável até 2021.
Responsabilidade de todos os setores
Da mesma forma, O Banco do Brasil é mais uma participação nacional no ranking. Conforme mencionamos, o índice avalia diferentes setores. Parece incomum uma empresa que vende serviços e não bens de consumo ter práticas sustentáveis. Mas isso mostra que independente do ramo de atividade, qualquer empresa pode e deve contribuir com o meio ambiente.
O banco alocou R$ 193 bilhões em setores da chamada economia verde, que tem como características a baixa emissão de carbono, eficiência no uso de recursos e busca pela inclusão social. No documento Diretrizes de Sustentabilidade Banco do Brasil para o Crédito, a organização apresenta todas as certificações necessárias, de acordo com cada setor, que a empresa precisa apresentar para se tornar elegível ao crédito. No setor de agronegócio, por exemplo, uma das diretrizes é incentivar a gestão do uso da água, a reciclagem e o monitoramento do desperdício na cadeia de valor do setor agropecuário e florestal.
Por uma economia mais sustentável
Como vimos, para compor estes índices as empresas precisam de fato alinhar-se às melhores práticas de mercado, por meio do desenvolvimento de uma série de iniciativas que vão desde a concepção de processos produtivos mais limpos à reciclagem dos resíduos pós-consumo. Em síntese, percebemos que quando se fala em sustentabilidade ambiental, é impossível não falar de economia. Ao integrar Índice Dow Jones de Sustentabilidade, as empresas brasileiras demonstram buscar cada vez mais novas práticas para contribuir na transição para uma economia mais verde e inclusiva.
Espera-se que o investimento no desenvolvimento sustentável e a consequente inclusão da empresa nesse seleto grupo traga benefícios econômicos e estratégicos refletidos na valorização da empresa no mercado. Dessa forma, o que se vê é que a relação entre investimento e sustentabilidade tende a ser um relacionamento positivo para todos.
Se você chegou até aqui é porque assuntos como economia e sustentabilidade te interessam. Caso tenha curtido e queira entender mais sobre como a sustentabilidade corporativa funciona no Brasil , leia também sobre o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), um índice nacional que é referência mundial.
Referências
Revista Exame - As 19 empresas do Índice Dow Jones de Sustentabilidade
Finanças e Empreendedores - Índice DJSI avalia as empresas mais sustentáveis do mundo em 2019
Ideia Sustentável - Como ser uma empresa reconhecida em sustentabilidade?
Nações Unidas - A ONU e o meio ambiente
Finance News - Natura no Índice Dow Jones de Sustentabilidade
Ideia Sustentável - Como ser uma empresa reconhecida em sustentabilidade?
SCIelo - Sustentabilidade corporativa e criação de valor: o caso Dow Jones Sustainability Index
Banco do Brasil - BB é reconhecido como uma das empresas mais sustentáveis do mundo
Fashion Network - Lojas Renner conquista Índice Dow Jones de Sustentabilidade